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Showing posts from April, 2010

Feira de Filhotes

Toda o final de semana numa loja de ração perto de si....

Em Boa Hora

Não que eu tenha vindo para o Brasil a banhos... Não que eu não estivesse já avisado para o frio outonal do planalto Curitibano. Aqui estamos a mil metros de altitude e a temperatura é muitas vezes 10 graus abaixo da das zonas ao nível do mar, mesmo as que ficam mais a Sul. Não que eu não soubesse já dos caprichos do clima desta região. Mas custou encarar. Depois de um fim de semana a derreter, felizmente na praia de Matinhos, e de um feriado de quarta-feira passado na água gelada de uma nascente aqui em Curitiba, na quinta-feira o céu decidiu desabar sobre a cidade. E ainda não parou. Nas primeiras horas ainda com tempo quente. Mas entretanto a temperatura desceu em queda livre e estou agora mais frio do que Londres... Mas, pensando bem, veio em boa hora esta oportunidade para ficar na minha, abrigado, sossegado, sem ceder a tentações cervejísticas, cachacísticas ou musicais. "Eu não quero sair, hoje eu vou ficar queto, não adianta insistir, eu não vou no boteco..." É melhor

Museu do Lixo

Saberes e Sabores

Chegou ao fim a minha segunda semana em Curitiba. Se a primeira foi de ambientação física à cidade, ao centro e a duas zonas da periferia onde fiquei hospedado, esta teve um forte componente académico. Foi a semana de abertura dos programas de pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná. O programa existe há pouco mais de vinte anos, começou por ser só de doutoramento e inaugura neste ano a primeira turma de mestrado. Neste aspecto, é um caso insólito na Universidade brasileira. É-o também na sua condição interdisciplinar e na sua independência de qualquer departamento. Desenrola-se no sector de ciências agrárias, entre animais e estufas, mas os docentes vêem de vários departamentos, em especial das ciências sociais e naturais. Estou inscrito no programa como aluno ‘sanduíche’, que é a formula oficial brasileira para esquemas de frequência de um aluno em outra universidade por um período intermédio. Um dos momentos altos da semana foi, sem dúvida,

Central do Brasil

Probabilidades e Divindades

Bem dizia o VG: "No momento em que aterrares no Brasil, a tua probabilidade de morrer aumentará em 20%. Pelo menos." Não sei se o número era este. Na altura pareceu-me apenas uma tirada de bar, para responder à letra a algum comentário pseudo-dramático meu, tlvez envolvendo seguros de viagem e a minha condição de pai. Mas agora entendo o que ele quis dizer. Não que eu esteja morto. Ou que o cálculo de uma percentagem transformando perigos em riscos, tão ao gosto da epistemologia das seguradoras, faça algum sentido. Aqui recorre-se mais a divindades de toda a ordem e às mais diversas formas de as invocar e peticionar. Aliás, enquanto a convivência constante com o que aprendi a encarar como ameaças endurece a pele da maioria dos brasileiros, parece-me que os faz incrivelmente vulneráveis a seres do outro mundo. Não sei se a profecia Viliana teve algum efeito inconsciente sobre a minha percepção. A verdade é que depois de 11 horas dentro de um avião que sobrevoou uma grande dia

Gambiarra

Costumamos chamar a Portugal o país do desenrasque . Em relação aos nossos vizinhos europeus, caracterizamo-nos pela capacidade do improviso e acreditamos que ela é tão apurada que compensa a pouca propensão para o planeamento. Mas o desenrasque torna-se quase uma brincadeira escandinava quando comparado com a gambiarra brasileira. Em Potugal, gambiarra refere-se mais a uma instalação eléctrica mas, deste lado do charco, tem um significado mais abrangente. Aqui no ‘novo mundo’ a escala de improviso é outra. A vida exige uma criatividade rotineira, um constante jogo de cintura ou, como se diz na capoeira, ginga . Há a gambiarra tornada prática corrente. Os esquentadores de água, por exemplo, são instalações quase artísticas: um emaranhado de fios que liga o chuveiro, por cima, a um buraco na parede ou no tecto. No topo do chuveiro há uma resistência e por todo o lado os fios eléctricos convivem em harmonia próxima com a água (e um pouco pior com a fita isoladora que tendem a derreter).