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Showing posts from September, 2010

Saliva

Todos os dias Julian Kepler se veste de azul e se entrega ao estranho hábito de deglutir argolas de fumo, ou gotas de orvalho dependendo da saúde dele e do índice nasdaq . Todos os anos por esta altura, reparou ele do alto dos seus trinta e um anos, o tempo aquece e os saltos dos sapatos ganham um centímetro de altura. No fundo do quintal, alguém se esqueceu de sair e ficou acordado junto ao portão contando as pétalas brancas à medida que elas despontavam na árvore das palavras. Sem direcção, os olhos postos nos objectivos repetidos do ser, em aldeias brancas como a neve que nunca lá caiu e nas suas calçadas gastas dos beijos desperdiçados por casais desavindos. Sem medo de desenrolar o corpo pelo caminho, músicos surdos, escritores bloqueados, bêbados abstémios, todos vieram para a grande reunião dos encalhados. O dia começava a demolir a arquitectura de luz construída com tanto trabalho, a desmontar o palco e todos os desmandos que fez no caminho. Sou um átomo, uma mole, uma molécul