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Showing posts from 2012

Os nossos silêncios

Os nossos silêncios não são escuros como os outros.  Os nossos silêncios têm luzes – sei lá quem as acende Têm cores – não sei quem as pinta. Os nossos silêncios são espelhos  onde as vozes se misturam  e as palavras se preparam para serem ditas. E quando a escuridão nos cobre, descobrimo-nos.  A nossa escuridão não é negra e silenciosa como as outras.  A nossa escuridão é um desfiladeiro de ecos  onde os gritos se multiplicam do outro lado.

the force of the elements

In Nu X G8

"Estamos em Seca!"

"Estamos em Seca", Cartaz da Thames Waters, Londres Abril de 2012 (foto de Delemere Lafferty ) Danças da Chuva: Austeridade e Abundância Para Todos (Maio, 2012) O que se passa com a água em Inglaterra ajuda-me a entender o que significa austeridade, a necessidade que temos dela e algumas das suas contradições.  Tal como nas economias europeias, a chuva continua a cair, mas não chega onde é preciso. Ao contrario das economias europeias, não existem sistemas financeiros com que se conta para regular a necessária redistribuição e racionalização de recursos. Por isso faz-se uso de campanhas e leis que são iguais para todos. Talvez este exemplo nos esteja a mostrar um caminho melhor. Abril de 2012 foi o Abril mais chuvoso de que há memória meteorológica em Inglaterra ou seja, desde 1910 . Em algumas regiões houve dias que mais do que duplicaram os anteriores recordes de pluviosidade. E mesmo assim, grande parte do país tem estado e continua a estar oficialmen

É tão bom ser salvo que me apetece passar a vida a naufragar

Robinson Éosurc, o Náufrago Frágil Aos poucos acordado pelo sol a bater compassadamente na cabeça deitada na areia, entre o vai e o vem do sargaço e dos outros presentes que as ondas vêm oferecer à praia... Antes dos olhos e dos ouvidos, abre-se uma janela na memória. O náufrago frágil recorda a sua pose de herói distraído que uma onda derrubou pelas costas. Agora toda a força que lhe resta concentra-se na mão fechada sobre um destroço daquilo a que chamava barco. Havia mais ar no peito do que na vela, mais peso na voz do que na âncora... Às janelas entreabertas dos sentidos chega o som de centenas de vozes amalgamadas, envolvido na cadência do marulho salgado. O náufrago frágil abre os olhos... “voguei à deriva – no tempo e no espaço – sem noites nem dias, por não sei quantos oceanos de silêncio, pra vir encalhar nesta ilha apinhada de gente....” O náufrago frágil tenta compor a sua aparência de herói. Ergue a cabeça, empurra o corpo para fora do chão, passa a mão p

this is the man

Se tivesse tempo e leitores traduzia: Don't blame the ratings agencies for the eurozone turmoil Europe and the eurozone are strangling themselves with a toxic mixture of austerity and a structurally flawed financial system Ha-Joon Chang guardian.co.uk , Sunday 15 January 2012 21.16 GM

A espinha

É flora em cada Esquina do meu corpo Nascitura repentina À flor da pele. É espinho De uma rosa Ciosa da sua beleza Assim sempre ansiosa Atenta desde o rebento Aos apêndices Pontiagudos. Estranho acontecimento O aparecimento da espinha Que aflora o corpo Com ar de anúncio De circulações poluentes Lá paro os lados das entranhas. Mais que uma nódoa Em fino pano A curta elevação Por soar a outro ser Representa Maldição. Mais do que um monte De lixo orgânico A espinha Contem todas as coincidências Que a elevam a estátua Monumento de um castigo Aplicado No próprio nexo causal que a erigiu. E a espinha assim qualificada Ganha dimensão desproporcionada Proporcionar-lhe-ei então Estadia prolongada Para que Protegida Não seja forçada A reprodução incontida Que torne inabitável A pele que é chão E ventre Desta geração

um brasileiro a mil à hora na revolução dos cravos