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Timor, Xanana e Suharto

Suharto morreu. O homem que dominou as forças responsaveis por um dos mais eficazes genocídios da História pós-expansão colonial foi a enterrar. Com cerimónias de Estado, elogios proferidos pelo actual presidente e a presença do líder do povo que ele tentou dizimar, o antigo chefe de Estado Indonésio terminou assim com chave de ouro a sua passagem pelo mundo.
Para quem viu Xanana no século passado a contar a historia dos dias da resistência logo a seguir a jurar fidelidade ao país opressor ostentando marcas da presão inquisitória, vê-lo hoje em Jacarta a honrar o ex-lider do pais religioso que tentou impor a sua lei e religião ao seu povo, é mais um motivo de perplexidade.
E como é fácil deixarmo-nos surpreender por um país do qual quase nada sabemos, apesar de lá se falar a nossa língua. Julgamos tudo entender quando percebemos que parte dos lideres timorenses educados em português falam muito pouco das línguas do povo de que são elite. Mas logo ficamos a saber que esse mesmo povo abraçou um plano de reconciliação com práticas tão surpreendentes como os abraços entre os familiares das vítimas e os membros das milícias assassinas, ou a de estes darem os seus filhos como única forma de retribuição aos pais daqueles que mataram. E que a guerra civil se despoletou num país onde os resultados das eleições demoravam eternidades a chegar aos pontos mais remotos provocando informaçóes contraditorias manipuladas ao sabor dos interesses políticos.
Assim ficamos, sem explicações, à espera de receber relatos triangulados destas histórias e que já agora tragam alguma luz sobre este povo ainda de alguma forma dependente dos politicos que elegemos em Portugal. Basta pensar que há ainda (?) um contingente da GNR integrando uma força multinacional no terreno. Por isso não vale a pena desprezar o país só porque é pequeno, está longe e é difícil de entender. Ainda por cima um país tão rico em belza e recursos naturais.
A verdade é que, se o governo dos EUA é em grande parte responsável pelo genocídio, é a uma estação de informação Estadunidense e a uma jornalista do mesmo país que devemos esta fantástica reportagem.

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Of Dames and Baronesses

Never call a baroness, dame Or the other way around You will offend both Along with a taxonomy Honed through years Of meticulous study Notice how the dame slides While the baroness slithers One withers The other wears out Pay attention to dames They are more subtle Restrained Domestic Beware of baronesses They will reproach you Tame you And then dance with the curtains When the dame is lost for words The baroness will produce the right statement When the baroness looses control The dame will bring her to her senses One is not better than the other Nor higher Nor more sophisticated Nor even more evolved They are just different And when you miss human differences You are less human yourself

Em Boa Hora

Não que eu tenha vindo para o Brasil a banhos... Não que eu não estivesse já avisado para o frio outonal do planalto Curitibano. Aqui estamos a mil metros de altitude e a temperatura é muitas vezes 10 graus abaixo da das zonas ao nível do mar, mesmo as que ficam mais a Sul. Não que eu não soubesse já dos caprichos do clima desta região. Mas custou encarar. Depois de um fim de semana a derreter, felizmente na praia de Matinhos, e de um feriado de quarta-feira passado na água gelada de uma nascente aqui em Curitiba, na quinta-feira o céu decidiu desabar sobre a cidade. E ainda não parou. Nas primeiras horas ainda com tempo quente. Mas entretanto a temperatura desceu em queda livre e estou agora mais frio do que Londres... Mas, pensando bem, veio em boa hora esta oportunidade para ficar na minha, abrigado, sossegado, sem ceder a tentações cervejísticas, cachacísticas ou musicais. "Eu não quero sair, hoje eu vou ficar queto, não adianta insistir, eu não vou no boteco..." É melhor...

The boy and the soldiers

Sitting on the riverbank I watch what floats by. The stream brings a child sitting on a hospital bed. He must be 12, about my son’s age. A bandage hangs from his left shoulder where his arm should be. He cries conpulsively, in a foreign language, so I can only imagine what he is saying. His wailing reminds me of phantom pain, and the tearful words seem to mourn the sudden amputation of his childhood, possibly performed without anaesthetic. But then I realise that his cries may refer to a deeper pain. Maybe the blast that took his arm also took his mum. Maybe all his family, as many in Gaza these days. Before this story enters into a loop, I flick it away with my thumb, making the stream move forward. Another image stops in front of me. Three young men on a desert road dance to Staying Alive by Bee Gees. Their faces look very familiar to me. But it’s not easy to see their faces. They are partially covered with helmets and their bodies are surrounded by military gear. They don’t sp...