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Lying on nests in the middle of busy roads
licking sandy pebbles
caressing the gravel spread across the concrete floor
the world involved by an acid atmosphere...

There's no rest
even on the corners of your lips
where there use to be shelter
from the wet earthquakes
of trains and trucks and buses
in the rain
all reproducing the same humid roar.

And underneath the tar
the ancient repercussion of horse shoes
and echoes of drunken voices
expelled by relieved bodies
for they found steady ground
after days with shaking trees, trail dust
and phantoms of road thieves

I find refuge in forward looking
in the projections of warm and sunny memories,
places where salt caresses the tongue
and sand pierces the skin.
Where pain triggers laughter
and all the space around us
stretches corridors to inviting doors.

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Em Boa Hora

Não que eu tenha vindo para o Brasil a banhos... Não que eu não estivesse já avisado para o frio outonal do planalto Curitibano. Aqui estamos a mil metros de altitude e a temperatura é muitas vezes 10 graus abaixo da das zonas ao nível do mar, mesmo as que ficam mais a Sul. Não que eu não soubesse já dos caprichos do clima desta região. Mas custou encarar. Depois de um fim de semana a derreter, felizmente na praia de Matinhos, e de um feriado de quarta-feira passado na água gelada de uma nascente aqui em Curitiba, na quinta-feira o céu decidiu desabar sobre a cidade. E ainda não parou. Nas primeiras horas ainda com tempo quente. Mas entretanto a temperatura desceu em queda livre e estou agora mais frio do que Londres... Mas, pensando bem, veio em boa hora esta oportunidade para ficar na minha, abrigado, sossegado, sem ceder a tentações cervejísticas, cachacísticas ou musicais. "Eu não quero sair, hoje eu vou ficar queto, não adianta insistir, eu não vou no boteco..." É melhor...

Nós

Logo no início d este artigo , Miguel Sousa Tavares revela o grande equívoco que fundamenta o seu pensamento peçonhento sobre colonialidade. Num comentário lateral, MST critica o escritor Cabo-verdiano Mário Lúcio pelo seu ‘fraco uso desta extraordinária língua que lhe deixámos em herança’. Independentemente do que se ache sobre as qualidades literárias do texto ‘Como está-tua ex-celência? ‘, para MST o autor Cabo-verdiano escreve numa língua que a sua tribo herdou da ’nossa’ tribo. MST sente-se parte de um ‘nós’ especial, constituído pela história para avaliar o uso que ‘eles’ fazem do legado que ‘nós’ espalhámos pelo mundo. É como se hoje a língua pertencesse a Tavares mais do que pertence a Lúcio, tendo este de ter especial cuidado com a forma como a usa. Enebriado por imaginar-se nessa posição de autoridade, MST prossegue no seu tom habitual, demolindo tudo menos estátuas. E nem sequer repara MST na contradição em que cai poucas linhas depois. A história é nossa e não deles ...

Rio, cidade do atrito.

Lentamente o rugido da cidade a acordar chega à cobertura do décimo primeiro andar na Lapa onde, faz poucas horas, adormeci. Sao nove da manhã e, apesar de hoje estar mais fresco, o calor instala-se no corpo até tornar o sono insuportável. Penso no meu primeiro açai de ontem, e na roda de samba do morro da Conceição junto da pedra do sal, na visita à comunidade da favela do Jacaré e na conversa com um velho desdentado e magro que se sentou na nossa mesa de um boteco na zona portuária e declamava Neruda e Fernando Pessoa. Parece que nada mais falta acontecer. Mas esta cidade parece que guarda surpresas a cada esquina. É um labirinto de cortinas finas que são sempre demasiado frágeis para conter a fricção entre camadas tectónicas que se esfregam sobre uma geografia natural louca produzindo energias brutais. É o que eu ouço aqui em cima: a cidade a deslocar-se lenta e perra, em fricção constante. Desde o acordar. Quando fui mergulhar no mar de Ipanema, faz dois dias, deparei-me com um e...